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Reinventando as Regras: Transformando a Conexão entre Marcas e Pessoas

Por Maria Brasil, consultora, professora, palestrante, escritora e fundadora da Essence Branding

Reinventando as Regras: Transformando a Conexão entre Marcas e Pessoas
Coluna Business Bahia

Coluna Business Bahia

13/10/2024 1:05pm

“Uma apaixonada por construir Marcas com Alma”. Essa sempre foi a forma que mais gostei de me apresentar. Dentro de mim,  vive uma inquietude que me acompanha desde o início da minha trajetória: a vontade de questionar e subverter lógicas do mercado que desde cedo entendi que não faziam sentido para a visão de mundo que venho construindo e consolidando, cada dia com mais clareza e consistência.

Quando me dediquei a estudar e trabalhar com comunicação, buscava me aproximar daquilo que mais me encantava: o poder das marcas de atraírem, engajarem e moverem pessoas em torno de uma crença em comum. Para meu azar (ou sorte!) o que notei foi que o discurso em torno das marcas ainda era muito superficial e arrisco dizer, plastificado. O foco se concentrava em atributos racionais, performance de produto e diferenciais tangíveis. Pouco se falava sobre o potencial de impacto que as marcas poderiam gerar na vida das pessoas, ou sobre a forma como poderiam se conectar com emoções, valores e narrativas que transcendem o consumo. ESG então? Nem sinal.

Foi essa inquietação que me levou a buscar novas abordagens e a questionar o lugar-comum, trazendo para o meu estado de origem um olhar que valorizava não apenas o que as marcas fazem, mas principalmente quem elas são. Me dediquei a explorar o potencial das marcas de se posicionarem de maneira autêntica, levando em consideração o contexto social, cultural e humano em que estão inseridas. Defendi, desde cedo, a ideia de que marcas são organismos vivos, com personalidades, histórias e trajetórias únicas. E, por isso, precisam atuar de forma coerente com sua essência, promovendo um impacto positivo e relevante a todos os seus stakeholders.

Esse olhar humanizado e profundo sobre branding foi se consolidando ao longo dos anos e se tornou o alicerce da minha atuação. Trabalhei com empresas de diferentes segmentos e portes - tive a oportunidade de atuar com multinacionais como a Coca-Cola e a Unilever, assim como  ajudei a dar vida a inúmeras marcas baianas que me enchem de orgulho, sempre com o objetivo de ajuda-las a encontrarem sua voz e a comunicarem de forma genuína. 

Isso me permitiu construir uma metodologia própria, que não se limita a uma lógica de mercado, mas que busca capturar a essência do que cada marca representa para as pessoas que a vivenciam — sejam colaboradores, consumidores ou a comunidade ao redor. Para aprofundar tudo isso, acabo de concluir meu Mestrado em Brands, Communications and Culture na Goldsmiths University of London, onde pude agregar o alicerce acadêmico às minhas descobertas.

Com esse mesmo propósito, fundei a Essence Branding, uma consultoria que nasceu para ser uma ponte entre marcas e pessoas. A Essence foi criada para desafiar o status quo, traduzir os desejos mais profundos das organizações e ajudar marcas a se posicionarem de maneira coerente com aquilo que acreditam.

Na época, ouvi de tudo um pouco: “Isso não vai dar certo na Bahia” ou “Aqui não tem mercado pra isso.” Hoje, tenho orgulho de dizer que, ao longo dos nossos seis anos de existência, temos conseguido desenvolver projetos que rompem paradigmas não apenas na Bahia, mas também por todo o Brasil, além de outros oito países. Na nossa atuação que se tornou global, abordamos o branding de uma perspectiva estratégica e humanizada, que transforma as empresas de dentro para fora.

Nessa semana, com muito orgulho lançamos a pesquisa Engaja Bahia, um estudo que reflete exatamente essa visão que venho defendendo. A pesquisa é fruto de um trabalho minucioso de observação e análise sobre como se posicionam as marcas empregadoras em nosso estado, considerando as especificidades culturais e comportamentais da Bahia. Decidimos mergulhar nesse universo com o objetivo de entender como marcas, empresas e lideranças locais podem se conectar de maneira mais autêntica com seus públicos internos e externos, indo além de métricas superficiais de engajamento.

Nesta pesquisa inédita, avaliamos o nível de maturidade das áreas de RH em empresas com sede na Bahia no que diz respeito ao engajamento dos colaboradores com a marca empregadora. Com base nos resultados, elaboramos um Relatório que apresenta boas práticas para ajudar o RH baiano a avançar em seu nível de maturidade, respeitando as particularidades culturais e econômicas da região. O estudo oferece dados robustos, insights valiosos e práticas recomendadas, que podem marcar o início de uma transformação, elevando o RH ao papel central na construção de marcas empregadoras fortes e alinhadas às demandas contemporâneas de engajamento e retenção de talentos.

Fico muito feliz em ver o resultado da pesquisa, que já está movimentando conversas importantes no mercado. Ela serve como um termômetro para as empresas que querem rever suas estratégias e se posicionar de forma mais alinhada às demandas locais. Afinal, acreditar em marcas mais humanas é acreditar que podemos construir negócios mais sustentáveis e com um impacto social relevante.

Esse é o norte que sempre guiou a minha trajetória e que desejo compartilhar com todas as empresas que tenham o desejo de olhar além do óbvio. Afinal, a inquietação que existe em mim quer ganhar outras vozes. Quem sabe pode ser a sua?