Enxergo o empreendedor como um artista. Alguém que compartilha dos mesmos estímulos das outras pessoas, mas percebe o mundo ao redor de uma forma diferente e tem a capacidade de criar o que ainda não existe. Na adolescência, li que os melhores empresários eram engenheiros. E, como estudava na Escola Técnica, o CEFET (atual IFBA), parecia natural seguir esse caminho. Mas eu tinha medo de que a formação técnica da engenharia restringisse minha visão de mundo, minha curiosidade e percepção de nuances. Por isso, decidi prestar vestibular para Engenharia na UNEB, mas também um outro para a área de humanas.
Fiquei entre Comunicação e Economia. Escolhi Comunicação. E, entre as habilitações disponíveis na UFBA, preferi aquela menos tradicional: Produção Cultural. Queria mais repertório do que qualquer outra coisa. Era menos sobre aprender uma profissão e mais sobre expandir minha capacidade de perceber o mundo.
Entrei na UFBA num momento de virada da comunicação e da publicidade digital. As tecnologias de segmentação, mensuração e automação começavam a transformar o setor — e ali vi a grande oportunidade: empreender na intersecção entre tecnologia, dados e comportamento humano. Abandonei a engenharia, concluí a faculdade de Comunicação e abri minha primeira empresa no ano em que me formei.
Percebi rapidamente que, para atuar com consistência num mercado ainda em desenvolvimento, ajudaria ter uma formação científica completa. Decidi, então, fazer mestrado e doutorado, estudando sempre a relação entre comunicação e tecnologia. Levei esse rigor acadêmico para o ambiente empresarial — o que me ajudou a antecipar movimentos, definir bem os desafios e buscar soluções consistentes.
Com essa abordagem, fundei a Zygon, a primeira empresa de mídia programática da Bahia, trazendo para o estado a solução de publicidade digital mais usada no mundo. Essa jornada me levou a assumir posições de liderança no setor, como a presidência da Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP) e a vice-presidência de operações do IAB Brasil (Internet Advertising Bureau). Também fui reconhecido como um dos “Líderes das Américas” pelo governo dos Estados Unidos — e, no mesmo período,me tornei pai de uma menina linda.