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Porque o melhor sempre está por vir

Por Lucas Reis. Empresário e Doutor em Comunicação. Presidente da ABMP, Vice-Presidente de Operações do IAB Brasil. Sócio da Zygon, Trezion Inteligência Artificial e Digital Iscool.

Porque o melhor sempre está por vir
Coluna Business Bahia

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04/08/2025 5:00pm
Foto: Acervo Pessoal


Sempre quis empreender. Não havia empresários na minha família. Meu pai era taxista. Minha mãe, vendedora na Baixa dos Sapateiros. Ambos sempre valorizaram profundamente a educação formal, e, para uma família de classe média baixa de Salvador, o auge imaginado era passar num concurso público: ter estabilidade, segurança e boa remuneração por toda vida. Mas, eu queria mesmo era ser empresário. E meus pais sempre me deram apoio para sonhar e realizar.
 
Enxergo o empreendedor como um artista. Alguém que compartilha dos mesmos estímulos das outras pessoas, mas percebe o mundo ao redor de uma forma diferente e tem a capacidade de criar o que ainda não existe. Na adolescência, li que os melhores empresários eram engenheiros. E, como estudava na Escola Técnica, o CEFET (atual IFBA), parecia natural seguir esse caminho. Mas eu tinha medo de que a formação técnica da engenharia restringisse minha visão de mundo, minha curiosidade e percepção de nuances. Por isso, decidi prestar vestibular para Engenharia na UNEB, mas também um outro para a área de humanas.
 
Fiquei entre Comunicação e Economia. Escolhi Comunicação. E, entre as habilitações disponíveis na UFBA, preferi aquela menos tradicional: Produção Cultural. Queria mais repertório do que qualquer outra coisa. Era menos sobre aprender uma profissão e mais sobre expandir minha capacidade de perceber o mundo.
Entrei na UFBA num momento de virada da comunicação e da publicidade digital. As tecnologias de segmentação, mensuração e automação começavam a transformar o setor — e ali vi a grande oportunidade: empreender na intersecção entre tecnologia, dados e comportamento humano. Abandonei a engenharia, concluí a faculdade de Comunicação e abri minha primeira empresa no ano em que me formei.
 
Percebi rapidamente que, para atuar com consistência num mercado ainda em desenvolvimento, ajudaria ter uma formação científica completa. Decidi, então, fazer mestrado e doutorado, estudando sempre a relação entre comunicação e tecnologia. Levei esse rigor acadêmico para o ambiente empresarial — o que me ajudou a antecipar movimentos, definir bem os desafios e buscar soluções consistentes.
 
Com essa abordagem, fundei a Zygon, a primeira empresa de mídia programática da Bahia, trazendo para o estado a solução de publicidade digital mais usada no mundo. Essa jornada me levou a assumir posições de liderança no setor, como a presidência da Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP) e a vice-presidência de operações do IAB Brasil (Internet Advertising Bureau). Também fui reconhecido como um dos “Líderes das Américas” pelo governo dos Estados Unidos — e, no mesmo período,me tornei pai de uma menina linda.


Ao longo dos anos, entendi melhor meu perfil. Sou um empreendedor serial. Gosto do desafio de criar, de transformar ideias em negócios viáveis, de estruturar operações. Mas, quando a inovação dá lugar à rotina, quando o foco passa a ser a melhoria contínua, meu interesse diminui. Por isso, hoje tenho a tranquilidade de ter uma sócia como CEO da Zygon, enquanto me dedico ao desenvolvimento de novos negócios.

Atualmente, me dedico ao desenvolvimento da Trezion, especializada na aplicação da inteligência artificial em Organizações, e da Digital Iscool, que forma executivos em IA, análise de dados e inovação. Gosto de empreender porque acredito que a vida é o seu fluxo. E empreendedores são aqueles que conseguem influenciar — com coragem, método e visão — o que está por vir. Crio negócios sabendo que o mundo é formado pelo que pode existir, e não só pelo que já existe, e que o sentido da vida é dar sentido a ela sempre desejando o próximo dia.  Porque acredito, de verdade, que o melhor sempre está por vir.