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Nossos caminhos, sem medo de mudanças de rota

Por Luiz Marques de Andrade Filho, Economista, mestre em Administração, professor da Faculdade Baiana de Direito e diretor do IEAG – Instituto de Economia e Análise Gerencial

Nossos caminhos, sem medo de mudanças de rota
Coluna Business Bahia

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27/07/2025 1:00pm

Foto: Acervo Pessoal

Sou filho de pai microempresário e nos meus primeiros anos cresci no ambiente de uma indústria gráfica, que meu pai administrava ao lado de uma papelaria, empresa que veio de meu avô paterno. Morando na Cidade Baixa, em Salvador, fui estudar no Colégio Antônio Vieira. Bem mais tarde, na adolescência, com a rebeldia juvenil que me abraçou, abandonei o curso de Administração da UFBA para tocar bateria em banda de Rock. Foram quatro anos assim, a experiência foi boa, mas algo faltava: foi quando resolvi voltar a estudar, já com meus vinte e poucos anos.

Passei no vestibular para estudar Economia. Lembro que no meu primeiro dia de aula na Universidade Católica, na Federação, senti que um espírito baixava em mim e me dizia: “é isso que você quer e precisa estudar, você rodou para chegar até aqui, avance!”

Descobri ali que eu era apaixonado por Economia, e tinha pressa; comecei a ler todos os livros que eu podia, mesmo aqueles que os professores (muitos deles grandes exemplos) nem mesmo nos indicavam para leitura.

Trabalhei como caixa de tesouraria no antigo Banco Nacional, depois entrei como estagiário no Banco Econômico e depois virei celetista, trabalhando na matriz do banco no bairro do Comércio. O Econômico foi uma grande escola para mim, por pessoas que me serviram como exemplo e por me nutrir com um ambiente corporativo, mas que também valorizava o conhecimento e o estudo. Contudo, o Econômico sofreu liquidação extrajudicial pelo Banco Central. Vivi tudo lá dentro, a pressão, não teve jeito, eu precisava buscar uma outra opção, então fiz um concurso público e fui aprovado para a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda. Fui para Brasília e trabalhei lá por 4 anos.

O Tesouro foi muito importante, pois aliei minha experiência de área privada com a área pública federal. Lá eu tive a oportunidade de trabalhar com o Clube de Paris, um acordo de dívida externa junto a grandes bancos públicos estrangeiros. Acabei me aprofundando em finanças para me ajudar a gerenciar o passivo junto ao Clube.

Mas o espírito da agonia pelo conhecimento não me deixava e voltei para Salvador para fazer o mestrado em Administração na UFBA. Minha dissertação se tornou livro. Ampliei meu leque de visão de mundo e comecei a dar aulas. Virei aos poucos professor, primeiro na UFBA e depois na Faculdade Ruy Barbosa, que na época era uma instituição bem pequena, com apenas 4 cursos de graduação e cujo curso de Administração de Empresas era considerado um dos cinco melhores do Brasil, pelo Provão do MEC. Isso foi em 1999. Na Ruy Barbosa fui também coordenador do curso de Administração, e foi lá que conheci minha esposa e companheira.

Depois vivi uma experiência de morar algum tempo em Lisboa, estudando no Doutorado em Economia no ISEG. Voltei para meu berço acadêmico, estudei muito macro, micro e econometria. Tive também uma experiência profissional em uma fundação junto à UFBA e foi a partir de lá que comecei a fazer consultorias para empresas.

Desde 1999 nunca parei de dar aulas. Como professor eu sempre busquei aliar a frieza da matemática financeira, da macroeconomia, da estatística e da contabilidade a uma visão mais ampla da economia política.

Desde 2015 comecei a fazer consultorias pela minha empresa, o IEAG. Minha experiência com consultoria é ligada à análise de viabilidade econômica de projetos, ao cálculo do lucro cessante para ações judiciais e ao valuation (cálculo do valor de uma empresa). Cada trabalho de consultoria é sempre bem específico, e a teoria que trago do mundo acadêmico na prática acaba se alimentando da experiência empírica de situações complexas e diferentes.

Agradeço à Lets Go Bahia pela oportunidade de trazer um pouco do meu caminho. Sinto que somos fruto das nossas decisões e de como nos relacionamos com o mundo. Afinal, os números revelados pelos cálculos em uma análise financeira simplesmente revelam as decisões que um dia foram tomadas, mas nos ajudam a pensar novos caminhos a seguir.