O empresário e economista Wilson Andrade representará novamente o Brasil na próxima reunião do Conselho Consultivo (CC) do Fundo Comum de Commodities (CFC) da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontecerá de 7 a 10 de julho, em Amsterdã (Holanda). O encontro reunirá especialistas de diversos países para analisar 11 novos projetos em commodities estratégicas, como cacau, café, caju, baunilha, além de iniciativas de microfinanciamento agrícola em regiões emergentes.
Com mais de 1 bilhão de pessoas no mundo dependendo economicamente das commodities, o CFC tem como missão apoiar projetos que fomentem empregos, geração de renda, segurança alimentar e desenvolvimento sustentável. Andrade, que já presidiu o conselho e atualmente é seu vice-presidente, reforça o papel do Brasil no cenário internacional: “Com a presença de um brasileiro no Conselho, a Bahia e o Brasil ganham acesso direto às oportunidades de financiamento, visibilidade e articulação internacional”, afirmou.
Projetos analisados e impacto global
Na pauta da nova reunião estão propostas de países como México, Camarões, Gana, Peru, Congo, Estados Unidos, Costa do Marfim e Uganda, com aportes que somam mais de US$ 60 milhões em investimentos globais, sendo US$ 10 milhões provenientes do próprio CFC. O objetivo central é fomentar a verticalização das cadeias produtivas, promovendo o uso de tecnologias e inovações que ampliem a equidade na distribuição de renda entre produtores e mercados consumidores.
Segundo Andrade, um exemplo dessa distorção está na cadeia do café: “O preço de um quilo de café no varejo internacional é várias vezes maior do que o valor recebido pelos produtores na base da cadeia produtiva. É essa desigualdade que os projetos precisam combater com inovação e estruturação”.
Oportunidades para o Brasil e para o Semiárido
Apesar da ausência de propostas brasileiras nesta rodada, Andrade destacou o potencial do semiárido nordestino como candidato forte para projetos futuros. “Já aprovamos anteriormente um projeto na Bahia com foco em cítricos que recebeu US$ 1,5 milhão em apoio. Esperamos que no próximo edital, em abril de 2026, o Brasil esteja representado novamente”, declarou.
Ele ainda ressaltou a relevância de fundos de investimento voltados para pequenos produtores e cooperativas, que oferecem assistência técnica, suporte comercial e crédito. “Essa modalidade tem crescido e representa uma alternativa concreta para alavancar a agricultura familiar no Brasil”.
Parcerias estratégicas e formação de novos profissionais
Wilson Andrade mantém uma parceria ativa com a Unijorge e a Associação Comercial da Bahia (ACB), por meio da Comissão de Comércio Exterior e Relações Internacionais. A iniciativa visa capacitar projetistas, divulgar editais do CFC e estimular projetos locais, com apoio de instituições como Faeb, Fieb, Fecomércio, Sebrae, Desenbahia e secretarias estaduais.
A coordenadora do curso de Relações Internacionais da Unijorge, Katiani Zape, destacou a importância da conexão entre o meio acadêmico e os desafios socioeconômicos reais: “Essa interdisciplinaridade representa uma oportunidade única de formação prática e transformação social”.
Sobre o CFC
Criado no âmbito das Nações Unidas, o Fundo Comum de Commodities (CFC) é uma instituição financeira intergovernamental autônoma, composta por 104 países-membros, incluindo o Brasil. Seus projetos são alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e focam em ações com impacto direto nas cadeias produtivas de commodities, especialmente em regiões menos desenvolvidas.
Anualmente, o fundo aprova em média 60 projetos, com uma carteira de investimentos superior a US$ 75 milhões, apoiando iniciativas de cooperativas, pequenas e médias empresas, órgãos governamentais e instituições financeiras locais.