Emprego impulsiona otimismo das famílias de Salvador, aponta Fecomércio BA

O mercado de trabalho tem sido o principal fator de otimismo entre as famílias de Salvador, segundo a mais recente edição do Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgado pela Fecomércio BA em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em fevereiro, o indicador alcançou 113,4 pontos, marcando a sexta alta consecutiva, com um aumento de 0,8% em relação a janeiro. Contudo, em comparação com o mesmo período de 2024, houve uma leve retração de 0,8%.

Os componentes do índice que mais se destacaram foram Emprego, Emprego Atual e Perspectiva Profissional, refletindo o impacto positivo da queda na taxa de desemprego, que está no menor nível em mais de uma década. O item Emprego atingiu 133,4 pontos, crescendo 1,1% no mês, enquanto Emprego Atual avançou 0,3%, chegando a 132,8 pontos. Para o presidente do Sistema Comércio BA, Kelsor Fernandes, esses resultados demonstram uma maior confiança das famílias em relação à estabilidade no mercado de trabalho. “A queda do desemprego em Salvador tem sido um fator determinante para esse cenário de otimismo”, afirma Fernandes.

Outro aspecto relevante foi o aumento do Acesso ao Crédito, que subiu 2,6% em fevereiro, alcançando 102,1 pontos. Apesar da taxa de juros elevada, o fortalecimento do emprego tem permitido que mais famílias consigam manter suas linhas de crédito ativas, o que pode impulsionar o consumo nos próximos meses.

O Nível de Consumo Atual também apresentou crescimento, subindo 1,8% e chegando a 101,5 pontos. Já a Perspectiva de Consumo teve alta de 0,8%, atingindo 119,4 pontos. No entanto, especialistas alertam que esse aumento pode não significar um maior poder de compra, mas sim uma tentativa de manter o padrão de consumo frente ao avanço da inflação. O consultor econômico da Fecomércio BA, Guilherme Dietze, destaca que a inflação de alimentos, que subiu mais de 6% nos últimos 12 meses na Região Metropolitana de Salvador, tem impactado significativamente o orçamento das famílias. “O aumento do consumo pode estar mais relacionado ao custo mais alto dos mesmos produtos, do que a novos gastos”, explica.

Por outro lado, o item Renda Atual registrou uma leve queda de 0,7%, recuando para 128,4 pontos. Mesmo com a renda disponível em níveis elevados, a percepção de perda de poder aquisitivo pode ter reduzido o otimismo dos consumidores. “À medida que os preços de itens essenciais continuam subindo, é natural que a confiança na renda diminua”, observa Dietze.

No que diz respeito aos bens duráveis, o item Momento para Duráveis teve uma queda de 0,4%, fechando o mês em 76,3 pontos. Esse recuo era esperado, dado o aumento expressivo no consumo de eletrônicos e eletrodomésticos durante períodos promocionais, como Black Friday e Natal.

O levantamento também mostrou uma diferença na intenção de consumo entre as faixas de renda. Para as famílias com renda inferior a 10 salários-mínimos, o ICF subiu 0,6%, chegando a 110,6 pontos. Já entre os que ganham acima desse valor, o crescimento foi de 2,2%, alcançando 143 pontos, um patamar significativamente superior aos 123 pontos registrados no ano passado.

As análises da Fecomércio BA apontam que, apesar dos desafios econômicos, o emprego continua sendo o principal pilar de sustentação do consumo das famílias em Salvador. A estabilidade no mercado de trabalho oferece perspectivas positivas para a economia local neste início de 2025, garantindo que, mesmo diante da inflação e das taxas de juros elevadas, o otimismo siga presente no dia a dia dos soteropolitanos.