A cultura de empreender é a chave da prosperidade
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No mundo do esporte, disciplina, persistência e liderança são essenciais para qualquer atleta aprimorar suas habilidades e conquistar vitórias nas competições. Por outro lado, esses valores também são fundamentais para se ter sucesso em um negócio. Tendo isso em mente, diversos medalhistas olímpicos construíram uma carreira bem-sucedida em ambos os setores.
Para Poliana Okimoto, nadadora medalhista na Rio 2016 e proprietária da Okimoto & Cintra Swim Team, negócio focado em treinos de natação para atletas amadores, o esporte ensina o valor do trabalho árduo e da determinação para alcançar qualquer objetivo, inclusive na gestão de uma empresa. “São práticas que nos mostram o que precisamos plantar hoje para colher lá na frente. Tanto no esporte, quanto no mundo corporativo, não se consegue resultados sem perseverança e disposição de enfrentar desafios. E isso faz grande diferença em um país onde não é fácil ser empreendedor”, diz.
Administrando suas rotinas entre as competições e o escritório ou dedicando-se aos negócios após a aposentadoria, vários atletas estão ganhando notoriedade com suas empresas, tanto associadas ao esporte quanto em áreas completamente diferentes. É o caso de Tande, ex-jogador de voleibol, que hoje tem uma franquia da rede de restaurantes italianos Spoleto e da rede de academias Bodytech. Para ele, um valor importante que um atleta pode agregar a sua empresa é a confiança do cliente na qualidade de seu trabalho, algo que, segundo ele, os esportistas aprendem desde o início da carreira. “Dentro das quadras e das competições, o atleta precisa transmitir credibilidade às pessoas. E toda pessoa pública é vista como uma marca. Por isso, esse cuidado deve ser levado em conta o tempo todo quando se tem uma empresa, para garantir a fidelidade dos clientes e dos colaboradores.”
Além da influência da imagem e da reputação, Gustavo Borges, ex-nadador da seleção brasileira e proprietário da escola de natação Academia Gustavo Borges, acredita que o esporte também reforça o espírito de liderança e a relevância do trabalho em equipe para superar desafios, algo indispensável em qualquer organização. “São elementos essenciais para criar uma boa relação entre os envolvidos em um negócio, tanto clientes, quanto funcionários. Além disso, o gestor que se mostra um bom líder e tem o apoio de seu time, desenvolve um trabalho mais consistente no longo prazo. E isso faz sentido para as empresas, especialmente nas dificuldades cotidianas do empreendimento”, explica.
Já o técnico da seleção masculina de vôlei, Renan Dal Zotto, que também é sócio de uma produtora musical e de uma agência de gestão de patrimônios, garante que a dinâmica de companheirismo entre os atletas durante uma competição, quando levada para o ambiente empresarial, traz grande resultados em produtividade e qualidade aos serviços.
“O dia a dia de trabalho nas quadras só funciona com o apoio da equipe, entendendo que todos os processos ocorrem pela boa relação entre pessoas e com profissionalismo, além de entrar em qualquer desafio com garra para vencer. E acredito que isso tem uma relação forte com o mundo corporativo”, explica Dal Zotto, em entrevista concedida à Forbes antes de ser hospitalizado por complicações em decorrência da Covid-19.
Bruninho, jogador de vôlei
Um dos principais integrantes da seleção brasileira de voleibol, Bruno Rezende, mais conhecido como Bruninho, coleciona diversas conquistas ao longo de sua carreira em campeonatos mundiais, copas do mundo de voleibol, ligas mundiais e Jogos Pan-Americanos. Mas o principal título – medalha de ouro – foi conquistado na Olimpíada Rio 2016, após duas de prata nas olimpíadas de Pequim (2008) e Londres (2012).
Bruninho foi o levantador do EMS Taubaté Funvic de abril de 2020 até o mês passado, quando anunciou a transferência para o Modena, da Itália. Atualmente, o atleta se prepara para competir na Olimpíada de Tóquio, em julho. Mas, fora das quadras e das competições, o jogador é sócio do restaurante de culinária italiana Posí Mozza & Mare, no Rio de Janeiro. “Foi uma oportunidade apresentada pelo grupo 14zero3, que procurava alguém que quisesse investir no novo restaurante italiano que estavam abrindo. E vi uma chance de diversificar meus investimentos, além de aprender com um grupo com experiência no setor de restaurantes”, explica.
Além do empreendimento, Bruninho também é sócio da franquia de academias Bodytech junto com seu pai, o técnico de voleibol Bernardinho. “Além de contar com o apoio familiar, o negócio me atraiu pela vontade de desenvolver um projeto voltado ao esporte, minha área de atuação, e para a saúde das pessoas. Também é uma maneira de criar novas possibilidades na minha vida, principalmente quando me aposentar.”
Bruninho também pretende levar seus aprendizados como atleta e empreendedor para os projetos socioesportivos do Instituto Compartilhar, criado por seu pai. “Tenho o sonho de dar continuidade a esse trabalho familiar e aumentar o apoio aos jovens beneficiados pelos ensinamentos e valores que o esporte traz. E quero me dedicar mais a isso depois da minha carreira”, afirma o atleta.
Poliana Okimoto, ex-nadadora
Ex-nadadora mundialmente conhecida, Poliana Okimoto foi a primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica na história dos esportes aquáticos do Brasil. Além do bronze nos Jogos Olímpicos Rio 2016, a atleta também tem no currículo medalhas de ouro e prata no Campeonato Mundial de Barcelona, em 2013, e vitórias em edições de Jogos Pan-Americanos.
Sua paixão pela natação começou aos dois anos de idade e, aos 13, já competia profissionalmente na seleção brasileira. Seu desejo de empreender existe desde o início da carreira e, após a aposentadoria, decidiu continuar no esporte de uma outra forma: contribuindo para a formação de futuros nadadores. Em 2018, junto com seu marido, o treinador Ricardo Cintra, Poliana fundou a assessoria esportiva Okimoto & Cintra Swim Team, com o objetivo de treinar profissionalmente atletas amadores. “Esse negócio surgiu pela vontade de fazer a diferença na vida de outros atletas e passar a nossa experiência para frente. Então, decidimos focar o projeto no atleta amador, que é o grande fã do esporte, aquele que compra os ingressos e assiste às competições, além de ser o mais carente de informações e treinamentos profissionais”, explica.
De acordo com a atleta, o diferencial de sua empresa em comparação com as escolas convencionais de natação é que as atividades físicas são realizadas remotamente e virtualmente, sem a necessidade de reunir a equipe em uma estrutura fixa. “Por meio de uma plataforma online, enviamos os treinos para os participantes e conseguimos acompanhar diariamente seus treinos, desempenhos, tempos e ajudá-los em qualquer dificuldade”, diz. Além de ser um método inovador, também é um grande desafio. “Desse modo, podemos ensinar nossos atletas em qualquer lugar, além de respeitar seu horário de treino e disponibilidade. Assim, ele também fica mais à vontade para treinar onde quiser, seja numa piscina ou no mar. A equipe é integrada por atletas de várias regiões do país, como norte, sul e nordeste.”
Outro forte diferencial do projeto é oferecer aos alunos o suporte de treinadores que participaram de competições brasileiras e internacionais, um fator que, para Poliana, reforça a confiança em seu trabalho. “As nossas experiências como atletas profissionais contam muito porque lidamos com pessoas que estão começando na natação, e conversamos abertamente com elas, de atleta para atleta. Tudo que eles passam, qualquer dificuldade em um treino ou durante uma competição, eu já passei também, então sei como antecipar essas dúvidas e orientá-las”, pontua.
Além da Okimoto & Cintra Swim Team, Poliana e o marido criaram também a Travessia Poliana Okimoto, que promove pequenas competições para que atletas amadores e profissionais tenham experiência em provas em águas abertas. No momento, as operações presenciais estão suspensas por causa da pandemia de Covid-19. Fora dos treinos, a ex-nadadora também participa de workshops e palestras, e se dedica ao recém-criado Instituto Poliana Okimoto, que visa atender crianças e jovens por meio do esporte.
Tande, ex-jogador de vôlei
Importante nome do voleibol, Alexandre Ramos Samuel, o Tande, teve uma grande trajetória na seleção brasileira. O ex-jogador ganhou destaque nos Jogos Olímpicos de Barcelona, quando conquistou a medalha de ouro. Ele também disputou as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, e Sydney, em 2000. Após 15 anos de experiência no esporte, a necessidade de se reinventar e planejar sua vida após a aposentadoria foram os principais fatores que o levaram a entrar no mundo dos negócios.
“No começo da minha carreira, eu percebi o quanto era importante investir em algo enquanto eu era produtivo, principalmente porque a vida ativa do atleta é bem curta. E muitos amigos, inclusive campeões, até passam por dificuldades por não se planejarem. Por isso, enquanto ainda jogava, guardei dinheiro para investir em outras áreas e criar novas possibilidades”, conta.
Sua trajetória como empreendedor começou como franqueado da rede de restaurantes italianos Spoleto, à convite do coproprietário Eduardo Ourivio. A partir desse negócio, Tande passou a ter maior interesse pelo ramo de saúde e por se manter ligado ao esporte de alguma forma. Então, o ex-jogador se tornou sócio da franquia de academias Bodytech ao lado de outros atletas, como Ronaldo Nazário e Bernardinho.
“O que me motivou a entrar no ramo de restaurantes foi a oportunidade. Na época, eu ainda estava jogando, então minha participação foi apenas com o capital. Depois da aposentadoria, me aproximei mais da gestão dos negócios, ajudando com o marketing da empresa, trazendo estratégias para potencializar as operações na mídia. Também auxiliava na divulgação do negócio para a imprensa, assim como na Bodytech, e isso era altamente eficiente”, explica. Para o ex-jogador de voleibol, o sucesso dessas empresas se deu graças a muito planejamento, além de inovações no plano de negócios e nas estratégias de mercado.
Tande também compartilha suas experiências como gestor em palestras, nas quais explica como a disciplina, liderança e outras habilidades exigidas no esporte podem garantir o sucesso no mundo corporativo. “Sempre trago para as apresentações as minhas perspectivas como atleta, os meus aprendizados como empreendedor e um know-how de organização de equipe. E como tudo isso me ajudou a fazer a diferença, especialmente por abraçar as oportunidades que surgem no meu caminho e sempre me aprimorar.”
Gustavo Borges, nadador
Considerado um dos principais atletas da história da natação brasileira, Gustavo Borges é lembrado por suas conquistas nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, quando ganhou a medalha de prata, em Atlanta, em 1996, quando trouxe uma segunda medalha de prata e uma de bronze para casa, e em Sydney, em 2000, quando mais uma vez conquistou o terceiro lugar. Além disso, sua carreira foi marcada por inúmeras medalhas nos Jogos Pan-Americanos e em outras competições nacionais. Com esta trajetória vitoriosa, Borges acredita que sua paixão pelo esporte e a determinação para vencer obstáculos construíram sua busca pelo empreendedorismo.
“Aprendi a empreender desde cedo com meu pai, que era empresário. Mas com o esporte, aprendi que o empreendedorismo estava no meu dia a dia como atleta, porque eu gerenciava meu próprio corpo ao investir na força das braçadas para gerar energia, resultados e medalhas”, afirma.
Enquanto ainda competia, o ex-nadador investiu em negócios de diferentes setores. Já foi sócio em bares, restaurantes e academias. Depois de muitas experiências e aprendizados no mundo dos negócios, decidiu criar uma empresa inteiramente baseada na sua grande paixão: o esporte. Assim, foi lançada a Academia Gustavo Borges, com unidades em São Paulo (SP) e Curitiba (PR). Após sua aposentadoria, em 2004, o ex-atleta passou a dedicar grande parte do tempo à gestão do negócio. E, para oferecer aos seus alunos um treinamento diferenciado, elaborou uma metodologia própria de ensino da natação, que leva seu nome.
Em razão das restrições impostas pela pandemia de Covid-19 e dos protocolos sanitários e de proteção, as unidades da academia estão com as operações temporariamente suspensas. Para o atleta, além das dificuldades em assegurar a sobrevivência do negócio, um de seus maiores desafios é sustentar uma relação de confiança com seus clientes e colaboradores. “Desde o início da pandemia, estamos trabalhando para garantir a segurança dos clientes, professores e funcionários, seguindo os protocolos de saúde, que são muito rígidos para o nosso setor. Quando as condições melhorarem, esperamos que as pessoas voltem sem receio”, pontua.
Fora das piscinas e do ambiente corporativo, Gustavo Borges também se destaca como palestrante motivacional. Desde os 21 anos, ele participa de apresentações e workshops de empresas focadas em desenvolvimento pessoal e profissional.
Renan Dal Zotto, ex-jogador de vôlei e técnico da seleção brasileira
Com mais de 45 anos de dedicação ao esporte, Renan Dal Zotto, ex-jogador e atual técnico da seleção masculina de voleibol, coleciona sucessos em sua trajetória profissional. Foi um dos principais atletas da geração de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, e conquistou as medalhas de prata e ouro nos Jogos Pan-Americanos de San Juan, em 1979, e Caracas, em 1983, respectivamente. Em 2015, foi incluído no Hall da Fama da modalidade.
Além do esporte, o empreendedorismo também faz parte da vida do atleta há muito tempo. O técnico da seleção é sócio-fundador da Par Mais há dez anos, empresa paulistana de gestão de patrimônios, ao lado de sua esposa Annalisa, que é a CEO. “É um projeto do qual tenho muito orgulho e que nasceu de uma necessidade própria em ter uma melhor administração dos nossos rendimentos. A empresa começou com serviços prestados para amigos e agora já está consolidada”, explica.
Em 2020, também tornou-se sócio do Grupo House Mag, empresa de música eletrônica que atua como gravadora, organizadora de eventos, ensina produção musical e gerencia carreiras. Segundo o treinador, seu interesse pelo setor surgiu devido a sua paixão pelo entretenimento e pelo apoio de seu filho, Enzo, que é produtor musical e integrante do Grupo House Mag. “Além do prazer de estar apoiando e trabalhando próximo ao meu filho e a outros DJs, entrar no mercado da música é uma experiência nova e fascinante para mim. E estou aprendendo muito com isso.”
Apesar do mercado do entretenimento estar paralisado pelas restrições estabelecidas pela Covid-19, Renan acredita que o período, apesar de difícil, traz aos empreendedores a oportunidade de inovar em seus setores, levando em conta o bem-estar do público. “Nesta nova realidade, tivemos tempo para fazer planejamentos e estratégias, pensando em eventos e atividades que prometem surpreender as pessoas, mas com o máximo de segurança, respeitando o distanciamento social e os protocolos”, explica. “As perspectivas são as melhores possíveis, porque o universo da música eletrônica tende a crescer rapidamente no Brasil.”
Via: Forbes
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