Beleza & Estética

No mês de prevenção ao suicídio, cirurgias plásticas em adolescentes acendem alerta para autoestima e saúde mental

No mês de prevenção ao suicídio, cirurgias plásticas em adolescentes acendem alerta para autoestima e saúde mental
Da Redação

Da Redação

19/09/2025 4:49pm

Foto: Freepik

No Setembro Amarelo, a reflexão sobre saúde ultrapassa o campo físico e chama atenção para o equilíbrio emocional dos adolescentes. O debate ganhou força após jovens como Duda Guerra, Liz Macedo e Antonella Braga, em torno dos 15 anos, compartilharem nas redes sociais cirurgias como implante de silicone e rinoplastia. O fenômeno acende uma questão urgente: até que ponto a cirurgia plástica fortalece a autoestima e quando ela reflete pressões por padrões inalcançáveis de beleza?

Para o cirurgião plástico Dr. Gerson Julio, com mais de 30 anos de carreira e 9 mil cirurgias realizadas, o procedimento pode ser transformador. “Quando a pessoa se enxerga com mais segurança, é comum que ela retome planos, mude de cidade ou até de carreira. A cirurgia pode ser um ponto de virada na vida”, afirma.

O especialista ressalta que não é raro observar pacientes mais confiantes e dispostos a mudanças após a operação. “A forma como o paciente se vê impacta diretamente sua vida pessoal, profissional e social. Quando há alinhamento entre imagem e identidade, a pessoa se transforma”, explica.

Mas a decisão exige cautela. O psiquiatra Dr. Guido Boabaid, CEO da GnTech e médico do Hospital Israelita Albert Einstein, alerta para os riscos da busca precoce por padrões irreais. “Muitas vezes, esses procedimentos tentam preencher inseguranças ou atender a modelos inalcançáveis de beleza. Isso pode levar a um ciclo de frustração, ansiedade e depressão”, pontua.

Dados reforçam a preocupação: segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o Brasil realizou mais de 1,5 milhão de cirurgias em 2023, com alta de 23% nos procedimentos reconstrutores e 8% nos estéticos. Já um estudo do Journal of Adolescent Health mostrou que o uso intenso de redes sociais visuais, como Instagram e TikTok, está ligado ao aumento da insatisfação corporal, ansiedade e depressão, sobretudo entre meninas.

“O problema é quando o adolescente acredita que precisa modificar o corpo para ser aceito, ignorando sua individualidade e saúde. Nenhum procedimento deve servir como compensação para dores emocionais. A verdadeira beleza nasce do equilíbrio interno”, reforça Guido.

Nesse contexto, a responsabilidade médica ganha ainda mais relevância. “Nem todo paciente está pronto. Às vezes, a melhor decisão é não operar. Dizer ‘não’ também é uma forma de cuidado. A prioridade deve ser sempre o bem-estar”, completa o Dr. Gerson.